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A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou emergência global de saúde para tentar conter o surto de varíola do macaco. O mais alto nível de alerta foi anunciado neste sábado (23) pelo diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Decidi declarar uma emergência de saúde pública de alcance internacional”, disse Tedros em entrevista coletiva, afirmando que o risco no mundo é relativamente moderado, exceto na Europa, onde é alto.
Tedros explicou que o comitê de especialistas não conseguiu chegar a um consenso e permaneceu dividido sobre a necessidade do nível mais alto de alerta. Em última análise, a decisão cabe ao CEO.
“É um chamado à ação, mas não é o primeiro”, disse Mike Ryan, chefe de emergências da OMS, que espera que o alerta leve a uma ação coletiva contra a doença.
A decisão deste sábado foi tomada após uma reunião do Comitê de Emergência, em 23 de junho, convocada por Ghebreyesus para discutir a doença, que afeta quase 17.000 pessoas em 74 países, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, em 22 de julho.
Esta é a sexta vez que a OMS declara uma ESPII (Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional) nos últimos dez anos. As outras foram: ebola na África Ocidental (2014), poliomielite (2014), zika (2016), ebola na República Democrática do Congo (2019) e Covid-19 (2020).
A OMS define uma ESPII como “um evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública para outros Estados, por meio da propagação internacional de doenças, e potencialmente exige uma resposta internacional coordenada”.
Em termos práticos, a declaração não afeta os países, mas serve para aumentar o nível de alerta em relação à ameaça e incentivar ações integradas entre governos e a própria OMS.
Desde o início de maio, foi detectado um aumento incomum de casos fora dos países da África Central e Ocidental onde o vírus é endêmico, espalhando-se por todo o mundo, com um alto número de infecções na Europa.
A varíola do macaco — detectada pela primeira vez em humanos em 1970 — é menos perigosa e contagiosa do que sua prima varíola, erradicada em 1980.
Na maioria dos casos, os pacientes são homens relativamente jovens que têm relações homossexuais e geralmente vivem em cidades, disse a OMS.
De acordo com um estudo do New England Journal of Medicine com 528 pessoas em 16 países — o maior até o momento —, 95% dos casos foram transmitidos sexualmente.
“Esta forma de transmissão representa tanto uma oportunidade para intervenções de saúde pública direcionadas quanto um desafio, pois as comunidades afetadas em alguns países enfrentam formas de discriminação como risco de vida”, disse Tedros.
Na última sexta-feira (22), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou estender o uso de uma vacina contra a varíola para combater a propagação da varíola do macaco, o que já é feito em vários países.
Em 2013, a União Europeia aprovou a vacina Imvanex, da empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, para prevenir a varíola. Seu uso agora é estendido à varíola do macaco devido à semelhança entre os vírus das duas doenças.
A OMS recomenda vacinar as pessoas de maior risco, bem como os profissionais de saúde que possam estar expostos à doença.